Sites são inaugurados, acontecem festas de lançamento, etc. certo? Errado. Alguns saem antes mesmo de entrarem online.
Quando a história tem final feliz, a gente cita os clientes, colaboradores, técnicas e soluções. Quando a história, como esta é, triste, vou omitir tudo isso.
A tragédia começa num telefonema, numa nova relação comercial entre eu e uma grande empresa de comunicação brasileira, cheia de clientes grandes e promissores. Rolam de imediato umas 6 ou 7 propostas de bom porte. Uma delas vinga, vamos ao trabalho.
Cronograma Teórico
- Briefing,
- arquitetura de informação,
- wireframing,
- layout,
- programação do CMS,
- desenvolvimento do website,
- testes de usabilidade,
- treinamento,
- inauguração.
Este era o cronograma definido para acontecer nos próximos 30 a 40 dias. Cronograma perfeito, produzido em Powerpoint, chiquérrimo.
Cronograma Prático
- Não participei do briefing. A empresa de comunicação que tinha a “conta” do cliente se esforçou ao máximo para manter-me longe e inacessÃvel. Talvez o cliente nem saiba que eu exista.
- Wireframing – foi feito um e entregue dentro do prazo, o que me deixou animado, a princÃpio. No dia seguinte fui informado que o web designer não foi consultado e descartou o wireframe. Para manter o prazo, não haveria mais wireframes, verÃamos o projeto gráfico pronto. OK… sinal amarelo piscando.
- Layout – chegou em forma de arquivos de Photoshop, uma “coisa” que o webdesigner (que, entre parênteses, entregou o trabalho e saiu de férias) precisou gastar um tempão comigo no telefone explicando como eu deveria ligar e desligar as camadas para entender o projeto gráfico. Depois eu soube que ele havia feito o design sem ter noção da arquitetura da informação. Mais depois ainda eu soube que ele nem sabia o que era arquitetura de informação. Sinal Vermelho!
- Arquitetura – a mais básica das bases da elaboração de um website, mas que só chegou em minhas mãos na VÉSPERA da apresentação do CMS agregado ao layout. Por incrÃvel que pareça, todo o site foi desenvolvido sem sabermos o que entrava aonde. E chegou em forma de um rabisco escaneado, rasurado, cheio de emendas e asteriscos.
- Programação do CMS – contratei profissionais de alto gabarito para produzir as páginas em HTML seguindo webstandards e um CMS de última geração. O programador HTML fez cópias idênticas à s projetadas no Photoshop, criadas pelo webdesigner, que não tinha noção da arquitetura, por isso, as páginas ficaram com erros conceituais sérios. O tÃtulo da página, por exemplo, se repetia em 3 lugares. Foram tantos problemas no meio da produção e tanto retrabalho que o custo desses profissionais acabou ultrapassando, e muito, o que o cliente me pagaria. Eu mesmo tive que colocar a mão na massa em muitas e longas horas para tentar satisfazer as milimétricas exigências dos clientes.
- Testes – falharam, em sua maioria. Um CMS feito à s cegas e um website nascido torto desse jeito só poderia dar problema na hora de testar. Bugs diferentes aparecendo nos navegadores, necessidade de criação de templates imprevistos, novas regras no meio do jogo… o inferno se instalou. E ainda houve uma rasteira que o Google me deu, que me derrubou feio. Essa eu contarei em um post separado.
- Inauguração – O prazo estourou, claro, assim como o orçamento e a minha paciência.
Sem poder falar com o cliente final, eu dependia do contato da equipe da empresa que me contratou. Em muitas ocasiões suas atitudes me lembraram o famoso e imperdÃvel filme ‘o incrÃvel exército de Brancaleone‘. Infelizmente eles atrapalharam muito mais do que colaboraram. Inacreditável como uma empresa tão grande, com funcionários com nomes de cargos pomposos, conseguiram guiar tão mal uma produção de um site.
No dia do lançamento, enfim, em vez de inaugurar, pediram para desligar por tempo indeterminado. Talvez seja melhor assim mesmo. Nem tudo na vida tem final feliz.
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